16 de out. de 2010

A VIAGEM Uma homenagem aos que desembarcaram tão cedo, neste outubro de 2010.

Dia desses recebi um e-mail que comparava a vida à uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante porque, se pensarmos um pouco, nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem encontramos duas pessoas que acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam deixando-nos órfãos de seus carinhos, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que durante a Viagem embarquem pessoas interessantes que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse trem a passeio, outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. No trem há também outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros viajam no trem de tal forma que quando desocupam seus assentos ninguém sequer percebe. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de atravessarmos, com grande dificuldade, nosso vagão e chegarmos até eles. Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas também como o término de uma etapa da estória pessoal de quem desembarcou, de uma história que duas ou mais pessoas construíram e que permanecerá como parte de sua, de nossas vidas até o infinito. Elas partem, mas deixam sempre algo conosco e isso sobrevive a tudo e a todos. Assim foi com Sérgio, com Artur, com Sandra, com Mauro e tantos outros que desembarcaram recentemente.
Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que ele tem de melhor, lembrando sempre que em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei/ deixarei saudades? Sim. Todos sentimos, todos deixamos. E me agarro na esperança de que em algum momento estarei na estação principal e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo.

Lucy Bortolini Nazaro
Escritora. Membro da APAL e da ALAP.

Um comentário:

  1. Olá !!!
    a quanto tempo!!!! Seu texto me faz lembra um o que escrevi a pouco tempo "sobre teias e aranhas".....Fica co Deus...e volte lá no blog!! Ah!! um convite para ver-me em ação no link http://liabastosmodaecultura.blogspot.com no post do dia 19 de setembro. No dia 13 ministrei uma palestra sobre minha dissertação e ao final rolou um som!!!

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Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

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Sonhos são como nuvens valsando flocos de algodão

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Palmas, Paraná, Brazil
Quando o coração começa a viajar cedo na vida, vai se espalhando e esparramando um pedaço da gente em cada canto por onde passamos. Acho que comigo foi algo assim. Minha família sempre ficou com a maior parte, talvez, também, a melhor, mas alguns pedacinhos indiscretos foram se perdendo pelos caminhos. Quando comecei a querer recrutá-los de volta, mandei muita correspondência, escolhi a forma poemas, a forma frases, pensamentos, mas nenhuma resposta imediata. Depois, enviei contos, romance... e usei a internet com suas múltiplas doses de endereços. Comecei a perceber que o que deixei para trás não há como recuperar, mas há sim um jeito de reconstruir esse coração, com novos arranjos, novos pedaços, colhidos aqui e acolá, alguns até parecidos com o meu, e penso que posso torná-lo inteiro novamente. Continuo usando as mesmas formas, porém, com novas fórmulas e novos endereços. Estou gostando das respostas que recebo. Meu coração ainda viaja, mas agora tenho roteiro e carteira de motorista! Prof´Eta (Professora e Poeta).

PÉROLA DO UNIVERSO

Uma curva desvia o que era destino,
Uma força, um vento, um siroco menino
Um grão perdido no sideral espaço
Cria a pérola solitária do universo.

Um róseo coração saltita pelos ares
Navega em barco a vela pelos mares
Voa inquieto, solitário burbulhando amor
Enfeitando jardins verdes de colorida flor.

Há um sonho que insiste se mostrar amarelo,
O quero azul, verde ou vermelho, mas sincero
Exibindo a nave do cósmico voante que o leva
E me busca e em dreams suaves nos enleva.

Mais um risco de um vento no universo... e um grão se fará pérola...

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