27 de set. de 2009

GUARDIÃES DE MEUS PASSOS

guardiães seguem meus passos,
anjos de luz me amparam nas quedas, dão seus braços e abraços
como troncos de madeira bruta e forte
se elevam ao céu me carregam com eles.

desconhecidos ilustres, ou nem tanto
apenas invisíveis aos meus cegos olhos
que insistem em mirar apenas sombras do passado
que se perdeu na mansidão do deserto criado por mim

guardiães guardam meus segredos e meus medos
anjos arrebatam meus sonhos me apontam uma nova aurora
um porvir que esqueci existir na minha intenção de vida
desenhada, rasurada, quase apagada, perdida

reforçada por uma veia que corre aberta
e por ser infinita ensopa meu cérebro
fazendo pulsar uma vida morta, torta
em direção a um novo futuro, feliz...


Nascido de leituras de livros de auto-ajuda. Uma reflexão sobre a possibilidade de termos alguém que não vemos, mas que nos “cuida”. Pelo menos, expressa a vontade de que assim seja.

ILUSÃO

a esperança me ilude para um amanhã que sempre ficou por vir
um porvir que esqueceu-se dos meus sonhos, minhas quimeras
perdidas na lama do cotidiano faminto de justiça e de ilusões

um olhar sonâmbulo de não entendimento vislumbra neologismos que crio
iludida, enlouquecida, esvaída em mim mesma
esgotada nos anseios perdidos no meio de noites mal dormidas, amanhecidas em mim

e, com a aurora sorrindo sobre as copas de pinheiros – taças, que ainda me restam
me refugio, mais uma vez, em busca de novas ilusões escondidas, na terra vermelha
que teima enviar vida, mesmo pisoteada, descuidada, abandonada, sozinha...
continua amando os que andam e se equilibram nela...

para continuar na roda viva do universo pleno de ilusões

me descubro pó, terra, semente e húmus
que reinventa a vida, utilizando a morte que afinal deixou-se ver inexistente
mas plena da gênesis que faz rodar os universos, sejam eles de realidade ou de ilusão.





Escrito num dia em que eu quis falar sobre a desesperança no futuro. Pensei em quanta gente se ilude, deixando de viver o presente, aguardando um amanhã que pode não vir, mas teimam em viver apenas de ilusões, talvez por isso a depressão esteja tomando conta do “mundo”.

MEU NOVO CARNAVAL

meu carnaval é feito de silêncio, de lençóis e de saudades
quando eu pulava no meio do salão, e não caía, porque tinha outra mão
agarradinha em mim, abraçadinha em mim, me afastando da solidão
hoje eu quero é lembrar, do carnaval quando pulava porque sabia dançar
quero registrar, a serpentina e o confete de meu par
voando alto e voltando para o chão, enfeitando a música, colorindo o salão.
a colombina com seu par, o palhaço sorrisão
e eu... enfeitada de cigana macetando aquele chão
bailava a dois e em roda de pião, eu era a santa que estava em assunção.
hoje, meu carnaval é feito de silêncios
mas bailo a música de uma outra afeição
recomeço trocando um pandeiro pelo som de uma viola
que me leva a navegar novos sons, envolta em uma camisola.


Falar sobre coisas boas do passado pode ser um bom mote para poetar. Então, busquei inspiração em meus tempos de meninice, nos carnavais que aconteciam de dia, especialmente para as crianças e eram muito inocentes, apesar do confete, serpentina e outros “líquidos” que se “espirrava na cara alheia”, ríamos muito.

24 de set. de 2009

UMA MORADA NAS GRAÇAS DE NOSSA SENHORA

Anjos nem sempre caem do céu, alguns nascem por aqui mesmo, entre nós. Uns se vestem de cinza, ou branco, outros com as cores que vitrines vendem, mas todos os que decidem se assumir anjos se vestem, principalmente, de abraços. Existem muitas moradas por onde eles passam, entre elas a morada dos velhos. Daqueles que olham no horizonte enquanto o tempo passa, que olham o pinheiro altivo e livre, que balança ao sabor do vento, em frente a uma porta de vidro e lhe conta das histórias que ele quase esqueceu. Então, quando alguém chega ele não diz nada, apenas desvia os olhos da árvore, afasta sua cadeira de rodas, abre a porta e sorri.
Nessa morada existem outras cadeiras de rodas, algumas sem elas, outras são simplesmente poltronas com almofadas. Almofadas que agora ajudam a sustentá-los, como suas pernas e braços já os sustentaram em quase suas dez décadas de vida.
O que será que essas almofadas sustentam? Quantos palácios de sonhos moram naquelas mentes que vagam solitárias, absorvidas no nada e sedentas apenas de um abraço? Quantas histórias de lutas se apagaram no anonimato de vidas que sempre se dedicaram a alguém? Alguns a uma família enorme, mas que agora sumiu! Um, a um patrão gentil, a quem a vida inteira serviu? Outro mais, que brilhou em gramados, fazendo e ensinando a fazer gols, em campos não tão verdes e sem salário algum, mas que inspirou jovens sonhadores.
Há mais, há os que nunca ouviram, por isso passaram uma vida sem palavras, mas seus olhos falam conosco. Tem brilho, tem alegria e tem histórias para contar. Outros, ainda, cujos filhos não nasceram, o trabalho e a timidez tomaram seu tempo, seus pais se foram, não houve uma Maria, uma Joana, uma Luiza que pudessem ter tomado nos braços.
Restam lembranças de velhos e os cuidados dos anjos que jamais esquecem que agora é hora de levantar, de tomar banho, de comer, de tomar remédio, de tomar sol, de novo dormir... sem esquecer de olhar no horizonte e ver refletido nele o seu passado de histórias, que bem ou mal foram fabulosas.
Há um Bispo, um Padre e um Médico abnegado que se juntam aos anjos para promover, pelo menos, um pedacinho do céu neste lar onde Nossa senhora das Graças vive, abençoa e abraça cotidianamente a todos e a cada um. Sorri para eles, faz seu dia melhor.
Que o futuro sorria para nós, como sorrimos hoje para eles; e nos abrace como oferecemos nossos abraços a eles e aos que não tem morada, nem anjos, vestidos de cinza ou branco, lembrando que é hora de levantar, hora de comer, hora de tomar o remédio...

Parabéns aos que respeitam e amam seus idosos! (Dia 27/09- Dia Nacional do Idoso)

23 de set. de 2009

Escreviver

Escrever e viver, palavras que se juntaram e fizeram morada em minh´alma. De vez em quando me deparo com escreviver como um “tomar água, fôlego”, respirar ar puro, ou até um desintoxicamento de mim mesmo. Mas nunca escrevo com ela. Por quê? Sei lá, quem sabe porque penso que escrever para viver possa ser um conceito fraco para o significado que se amalgamou em mim. Você pode até pensar que é fácil. Escrever é fácil??!!!
Você tem uma folha em branco, uma caneta ou lápis, ou ainda, você tem uma tela em branco conectada a uma mesinha cheia de teclas pintadas com o alfabeto e outros sinais e então, zás! É só teclar e tudo vai sair direitinho, um belo texto preencherá o branco, o vazio...
Poderia ser, se estivesse copiando poemas de Drummond, de Adélia Woelner, crônicas de Ignácio Loyola, contos de Machado de Assis, as histórias de meu amigo Filipak, do Joaquim... Mas não é não! É um texto teu que terá que preencher aquele espaço. Poderá ser uma poesia, a letra de uma melodia, quiçá um conto, uma crônica! Mas aí é que o arrepio começa a tomar conta. Por onde começo? Qual a palavra ideal? Sobre o que, mesmo, eu quero falar?
O alfabeto dança uma dança macabra e fica esguio como um bagre na água, corro atrás dele, sofro para o alcançar, quando o alcanço pego uma letrinha aqui, outra acolá me escorrega e não sei o que fazer com elas. Às vezes quero escrever amor, mas não tenho o “m”, quem se coloca fácil entre meus dedos teclando é o “d” e vai escorregando pelo branco da página/tela e vai se escrevendo sozinho, quando tomo conta de mim o que vejo é a dor.
Sempre pensei que eu mandava em minhas histórias, mas descobri que as histórias são donas de mim, elas se mostram ou se escondem à sua maneira e me usam quando bem querem. Neste largo tempo de meus escrevivendos descobri, pelo menos, que posso acompanhá-las e orientá-las para caminharem um pouco nos meus caminhos. Fiz amizade com elas, levei-as à minha sala de estar, viajaram comigo, de ônibus, de avião, até de trem. E quando vi tinha as levado para minha cama! Dormimos juntas e elas me sussurram suas histórias, que não me são mais totalmente estranhas. Quando elas tomam as rédeas eu até consigo vislumbrar um pouco o seu “ponto de chegada”. Então, as surpresas não me assustam mais, porque entendi que escrever a vida pode ser um mergulhar na história, minha e na alheia, sentindo as alegrias e dores, colorindo-as com as tintas que acumulei durante a caminhada.
Lembro que, quando jovem, eu tinha toda uma caixa de lápis coloridos, vinte e quatro cores, ou eram mais?! Hoje costumo carregar seis cores básicas, com as quais pinto e brinco com meu alfabeto. Onde foi mesmo que deixei os outros dezoito? É... tenho que forçar meu reencontro com essas cores também!

Não existe um outro caminho para o bem escrever que não seja o da leitura... o mundo e os livros nos alimentam e nos deixam “prenhe” de revelações.

Creative Commons License
Escreviver by Lucy Bortolini Nazaro is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.

20 de set. de 2009

Meu neto José Eduardo

Meu neto Daniel Francisco

Lucy estará publicando dois livros,ainda em 2009

Ainda em 2009 dois livros serão lançados por Lucy:

Um será editado em Portugal pela Corpos Editora, no Porto "Poeiras no Universo" (poesias).

Outro será publicado pela SEVEN SYSTEM INTERNATIONAL de São paulo "Em Busca da Felicidade".

Ainda, terá participação com três poesias classificadas pelo Poesistas, a ser lançado em novembro em São Paulo.

Encontro da Poesia Paulista será dia 21 de novembro




O grande poeta Silas Corrêa Leite aceitou o convite para participar do 2º debate do evento, sobre os paradigmas da poesia contemporânea. Sua pessoa é daquelas que faz com que a conversa ganhe uma tamanha proporção em que o tempo passa e nem percebemos... ê como este sabe de poesia!... assunto e perguntas a responder não serão problemas e sim nossa diversão...
O Encontro da Poesia Paulista é, em outras palavras, o Encontro Anual do Poetas del Mundo do Estado de São Paulo, e só não tem esse segundo nome porque não só membros do Poetas del Mundo são convidados ao evento, e também porque vai muito além de um Encontro de Poetas, para ser uma verdadeira Convenção da Poesia, posta em debate por todos os agentes que atualmente fazem a arte poética ser viável, ou seja: leitores, editores, livreiros, jornalistas, professores, estudantes, críticos e colunistas literários, etc.

Um Encontro de Poetas pode ser uma simples festa com um recital de poesia no final, mas queremos, com Encontro da Poesia Paulista, trazer todos a responder às simples, mas pertinentes perguntas:

1.: Qual a postura atual do poeta na sociedade;
2.: Quais os paradigmas da poesia contemporânea;
3.: Qual a colocação da poesia no Mercado Editorial Brasileiro.


A cada dia as coisas vão ficando mais claras sobre o maior evento de poetas de São Paulo.O Encontro da Poesia Paulista será dia 21 de novembro, e começará às 14h00.
Leia mais em: http://poesiapaulista.blogspot.com/2009/07/quando.html

18 de set. de 2009

6 de set. de 2009

Somos...

Somos a infinitude que desconhecemos de nós mesmos, por isso, talvez, corremos tanto atrás de um amanhã desconhecido.
Somos poeira vagante no universo, sem parada, sem fôlego, sem fronteiras, sem ontem nem amanhã. Nos desconhecemos no vazio de existências sem propósito até que chegue o entendimento do nós.
Então, abrem-se as portas do cósmico para que de poeira nos transformemos em terra. Terra fértil para fruticar novos amanhãs de sorrisos.

5 de set. de 2009

Poema para São Paulo

Paulo
nome de homem
de santo
de lugar
de marido
de amor
não! de irmão
que abraça e chora e ri
com a gente
na noite fria ou no dia quente
Poderia ser nome
de mulher...
quem sabe vem a filha para eu batizar...
Paulina, menina
que velha
lembrará de mim...
pois passei por sua vida!!!

Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

Sonhos são como nuvens valsando flocos de algodão

Minha foto
Palmas, Paraná, Brazil
Quando o coração começa a viajar cedo na vida, vai se espalhando e esparramando um pedaço da gente em cada canto por onde passamos. Acho que comigo foi algo assim. Minha família sempre ficou com a maior parte, talvez, também, a melhor, mas alguns pedacinhos indiscretos foram se perdendo pelos caminhos. Quando comecei a querer recrutá-los de volta, mandei muita correspondência, escolhi a forma poemas, a forma frases, pensamentos, mas nenhuma resposta imediata. Depois, enviei contos, romance... e usei a internet com suas múltiplas doses de endereços. Comecei a perceber que o que deixei para trás não há como recuperar, mas há sim um jeito de reconstruir esse coração, com novos arranjos, novos pedaços, colhidos aqui e acolá, alguns até parecidos com o meu, e penso que posso torná-lo inteiro novamente. Continuo usando as mesmas formas, porém, com novas fórmulas e novos endereços. Estou gostando das respostas que recebo. Meu coração ainda viaja, mas agora tenho roteiro e carteira de motorista! Prof´Eta (Professora e Poeta).

PÉROLA DO UNIVERSO

Uma curva desvia o que era destino,
Uma força, um vento, um siroco menino
Um grão perdido no sideral espaço
Cria a pérola solitária do universo.

Um róseo coração saltita pelos ares
Navega em barco a vela pelos mares
Voa inquieto, solitário burbulhando amor
Enfeitando jardins verdes de colorida flor.

Há um sonho que insiste se mostrar amarelo,
O quero azul, verde ou vermelho, mas sincero
Exibindo a nave do cósmico voante que o leva
E me busca e em dreams suaves nos enleva.

Mais um risco de um vento no universo... e um grão se fará pérola...

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