30 de out. de 2009

POR QUEM CHORAM OS VIVOS?

Por quem choram os vivos? Talvez muitos pensem: pelos mortos, ora essa! Mas essa é uma pergunta que, também, nos faz refletir a respeito de muitas de nossas vivências, mesmo após a morte de nossos entes queridos, temos tidos motivos outros para chorar. E, com certeza, não choramos apenas pelos mortos. Choramos por nós mesmos, muitas das vezes que nossas lágrimas fluem livremente, ou quando as interrompemos no meio do caminho, nos fazendo fortes, choramos por nós mesmos... como seres humanos nos sentindo impotentes diante dos males que se revelam à nossa volta, num mundo recém adentrado no século XXI. O século das novidades, dos progressos, dos avanços, mas do esquecimento do homem como parte do amor de Deus.
Talvez nem percebamos o quanto temos chorado ultimamente, choramos quando nos deparamos diante de um caso triste, seja em novelas, seja em programas do tipo “de volta para minha terra”, ou “construindo a casa dos sonhos”, seja em seriados de Tv, em livros, em filmes, ou noticiários, aliás, acho que em noticiários não, neles a gente sente explodir uma raiva incontida, uma vontade de justiça que nos faz tremer diante das injustiças e desigualdades deste mundo. Nos tornamos até fortes, de certa maneira, pois premeditamos, mesmo que por alguns instantes, uma forma de ser melhor, de ajudar, de destruir o mal que nos ronda perigosamente. Queremos ser anjo, no melhor sentido da palavra que conhecemos.
Choramos quando temos que pagar impostos altos e temos consciência do que fazem com grande parte dele. Choramos quando vemos filas de espera para atendimento à saúde e mortes causadas por ela. Choramos quando sabemos de assassinatos desvairados: loucos assassinos que atiram, esfaqueiam, trucidam corpos, promovem terror, pedofilia... suicídios, causados pelo desespero de quem não vê mais saída, perdeu a fé. Explosões sem fim, com propósitos dos mais torpes que se possa imaginar. Choramos quando tomamos ciência da corrupção, da ganância, da insensibilidade diante da fome, da miséria, da falta de educação, de moradia e de oportunidades. Choramos diante do abandono de crianças e velhos. Choramos diante de nossa insegurança pelo amanhã que estamos vendo ser construído. Choramos porque temos consciência de nossa falta de humanização. Vivemos um mundo que se pauta pela indiferença, pelo poder da beleza plástica e do dinheiro, da posição social em detrimento do homem.
Talvez estejamos num momento propício para nos repensar como humanos e repensar o planeta que queremos, o mundo que estamos construindo para nossos filhos e netos, porque nossos mortos, estão em paz, Deus os acolhe, a nós restam as saudades e suas histórias de vida para lembrar!

4 comentários:

  1. Olá Lucy!!!

    Seu texto me lembra um outro texto que li recentemente. O autor A.W. Tozer. Ele discorre em um pequeno texto, sobre as mazelas de um pretenso sucesso almejado pelo homem, sucesso esse distorcido que origina, segundo ele, todos esses males elencados em seu texto.

    Bibliografia;
    O melhor de A.w.Tozer. São Paulo;Ed. Mundo Cristão, 1978.

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  2. Oi, celso, obrigada pelo comentário. Infelizmente não conheço o autor, mas me interessei. Vou ver se consigo alguma leitura dele, através da internet, possivelmente eu encontro, não é?
    Um abraço e um ótimo feriado para você.

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  3. A gente chora pra espantar a água que retém no olho quando a gente vive. Viver é reter água de todos os olhos. Dizem que o cú é o olho da bunda, a gente caga dessa água também, e tudo tão natural (pra alguams pessoas né. Tenho umas amigas que não cagam, vish, não cagam mesmo!)...
    =D
    aehuiaehuiaeh
    Espero que eu tenha te alegrado um pouquinho. Sei que seu post não é "deprê" mas o tema geralmente já vem carregado disso. Bjos Saudades!!!!

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  4. Um texto muito forte e cheio de muita sensibilidade. Um alerta para as situações que ocorrem e se banalizam diante de nossa indiferença. É para se pensar.
    Parabéns!
    Paulo gondim

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Obrigada por seu comentário.

Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

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Sonhos são como nuvens valsando flocos de algodão

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Palmas, Paraná, Brazil
Quando o coração começa a viajar cedo na vida, vai se espalhando e esparramando um pedaço da gente em cada canto por onde passamos. Acho que comigo foi algo assim. Minha família sempre ficou com a maior parte, talvez, também, a melhor, mas alguns pedacinhos indiscretos foram se perdendo pelos caminhos. Quando comecei a querer recrutá-los de volta, mandei muita correspondência, escolhi a forma poemas, a forma frases, pensamentos, mas nenhuma resposta imediata. Depois, enviei contos, romance... e usei a internet com suas múltiplas doses de endereços. Comecei a perceber que o que deixei para trás não há como recuperar, mas há sim um jeito de reconstruir esse coração, com novos arranjos, novos pedaços, colhidos aqui e acolá, alguns até parecidos com o meu, e penso que posso torná-lo inteiro novamente. Continuo usando as mesmas formas, porém, com novas fórmulas e novos endereços. Estou gostando das respostas que recebo. Meu coração ainda viaja, mas agora tenho roteiro e carteira de motorista! Prof´Eta (Professora e Poeta).

PÉROLA DO UNIVERSO

Uma curva desvia o que era destino,
Uma força, um vento, um siroco menino
Um grão perdido no sideral espaço
Cria a pérola solitária do universo.

Um róseo coração saltita pelos ares
Navega em barco a vela pelos mares
Voa inquieto, solitário burbulhando amor
Enfeitando jardins verdes de colorida flor.

Há um sonho que insiste se mostrar amarelo,
O quero azul, verde ou vermelho, mas sincero
Exibindo a nave do cósmico voante que o leva
E me busca e em dreams suaves nos enleva.

Mais um risco de um vento no universo... e um grão se fará pérola...

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