4 de out. de 2008

Pensando a vida

Existem dias em que nos sentimos a última das pessoas neste mundo। Parece que somos a trave no olho alheio, a pedra no caminho, a ponte quebrada sobre um rio revolto, o barranco despencado pela enxurrada, a árvore derrubada pelo tufão, ou então apenas um espectro, fantasma invisível na multidão. Tudo o que queríamos é que nosso corpo se evaporasse, que o sumiço completo fosse nosso grande aliado para sobrevoarmos, como ar apenas e assim poder observar nosso espaço e compreender, quem sabe, os acontecimentos que nos envolvem tão completamente, nos distanciando de nossos desejos, quebrando nossos sonhos e nos fazendo viver uma realidade diferente da que planejamos. Mas não é assim que acontece. Somos providos de alma, de pensamento, de sentimentos que nos confundem, somos providos de um físico que nos limita, enquanto não o conhecemos completamente. Sofremos com os contrastes que perambulam em nosso cotidiano, com o que parece ser e o que realmente é. Com o que premeditamos, mas não conseguimos efetivar. Estamos em uma armadilha fabricada por nós mesmos, num labirinto que nos obriga a andar, andar, infinitamente andar, enquanto providos de fôlego, até que consigamos descobrir a saída ou nos entregar completamente a essa rotina de sempre recomeçar em uma nova porta de entrada, de outro e mais outro labirinto, até que aprendamos a desvendar seus mistérios, com ajuda do fio de Ariadne, que seja, mas aceitando, enfim, a ajuda providencial.
Nesses dias me pergunto insistentemente, “por que existe uma teimosia, que parece inata em mim, em trilhar labirintos desconhecidos? Em criar armadilhas para me enredar, sem a possibilidade de defesa?”. Afinal, tudo me diz que sou eu a única responsável por mim. Eu faço e refaço meu destino, sou portadora da chave dos enigmas, da força do Cósmico, conhecedora dos segredos da vida e capaz de criar futuros. Então, por quê? Por que me debruço aos pés de Ares, inimigo da serena luz solar e da calmaria?

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Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

Meu Livro: Quem tem Medo de Gatos? E outras estórias (Ed. Vozes)

Sonhos são como nuvens valsando flocos de algodão

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Palmas, Paraná, Brazil
Quando o coração começa a viajar cedo na vida, vai se espalhando e esparramando um pedaço da gente em cada canto por onde passamos. Acho que comigo foi algo assim. Minha família sempre ficou com a maior parte, talvez, também, a melhor, mas alguns pedacinhos indiscretos foram se perdendo pelos caminhos. Quando comecei a querer recrutá-los de volta, mandei muita correspondência, escolhi a forma poemas, a forma frases, pensamentos, mas nenhuma resposta imediata. Depois, enviei contos, romance... e usei a internet com suas múltiplas doses de endereços. Comecei a perceber que o que deixei para trás não há como recuperar, mas há sim um jeito de reconstruir esse coração, com novos arranjos, novos pedaços, colhidos aqui e acolá, alguns até parecidos com o meu, e penso que posso torná-lo inteiro novamente. Continuo usando as mesmas formas, porém, com novas fórmulas e novos endereços. Estou gostando das respostas que recebo. Meu coração ainda viaja, mas agora tenho roteiro e carteira de motorista! Prof´Eta (Professora e Poeta).

PÉROLA DO UNIVERSO

Uma curva desvia o que era destino,
Uma força, um vento, um siroco menino
Um grão perdido no sideral espaço
Cria a pérola solitária do universo.

Um róseo coração saltita pelos ares
Navega em barco a vela pelos mares
Voa inquieto, solitário burbulhando amor
Enfeitando jardins verdes de colorida flor.

Há um sonho que insiste se mostrar amarelo,
O quero azul, verde ou vermelho, mas sincero
Exibindo a nave do cósmico voante que o leva
E me busca e em dreams suaves nos enleva.

Mais um risco de um vento no universo... e um grão se fará pérola...

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